Começou ontem a maior feira literária (ou de livros, já que não são necessariamente sinônimos) da América Latina: a Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Durante dez dias, o longínquo RioCentro se torna um polo cultural, com palestras, bate-papos, mesas-redondas e livros. Muitos, muitos livros.
E filas, mas deixo para falar das filas no meu Facebook que é para isso que redes sociais servem.
Por falar em ‘é para isso que serve’, queria responder uma provocação, que me chegou tanto via comentários de leitores em um grupo no Facebook (grupo que, aliás, recomendo) quanto da leitura do artigo que saiu hoje na Folha de São Paulo, em especial pela fala da querida Rejane Dias, editora executiva da Autêntica, que diz que um autor adulto pode “ficar perdido na Bienal… para o autor que não é conhecido fica complicado. Se um autor não atrai público, não faz sentido ir.”
Para que serve a Bienal?
Vai depender muito do seu envolvimento com o mundo dos livros e com o mercado editorial. Acompanhem:
- Se você é leitor, mas consome poucos e bons livros: a Bienal é um lugar excelente para caçar novas aquisições. Editoras que nem sempre tem seus livros expostos nas livrarias fazem estandes. As editoras que tem entrada no varejo costumam levar parte do seu fundo de catalogo e fazem promoções. A diversidade bibliográfica na Bienal é gigantesca e sempre é possível encontrar alguma preciosidade.
- Se você é leitor consumista, voraz e engajado: bem-vindo ao templo. Tem lançamentos, tem promoções, tem brindes, tem novidades, tem livros difíceis de encontrar. Tem autores internacionais para dar autógrafos. Tem autores nacionais (aos milhares) também. É como se fosse um parque de diversões – tem filas, comida cara, banheiros cheios e gente demais nos fins de semana, mas nos outros dias, depois das escolas, é pra fazer a festa.
- Se você é autor: e aí não importa muito o tipo, a Bienal é uma excelente forma de crescimento pessoal e profissional. Seu livro está vendendo em um estande? Ótimo. Fique os dias que você conseguir lá! Interaja com o leitor, descubra onde você está acertando, onde está errando. Ainda procurando uma editora para chamar de sua? É um ótimo lugar para fazer contatos, conhecer catálogo e ver onde você tem mais chance no mercado editorial. Agora, atenção. Seja *profissional*. Seja *educado*. Não force a barra. Não ache que alguém tem a obrigação de recebê-lo. Não, não tem.
- Se você trabalha na cadeia do livro e está procurando oportunidades: maior concentração de pessoas que decidem por metro quadrado. Mas vale o que eu disse ali em cima: Profissionalismo e educação NUNCA são demais.
- E se você é editor, a Bienal serve para pular o muro que é a livraria e conhecer, olho no olho e cara a cara, o seu público. É onde dá para fazer aquele ajuste fino no marketing e no editorial. Além de ser a chance de rever amigos e encontrar alguns novos. 🙂
Pra mim?
É meu momento de lembrar que, olha, vale a pena. Não somos um país de leitores nem uma pátria educadora, mas tem esperança. Tem gente fazendo livro. Tem gente comprando livro. De todos os tipos. E isso é LINDO.
Não perco de jeito nenhum.
E estarei disponível para abraços, beijos e discussões acaloradas no estande da Aquário, lançando ‘Meu caderno de perguntas’, ‘Anacrônicas’, ‘O outro lado da cidade’ e corujando os outros lançamentos que Estevão e eu editamos: ‘Purgatorial’, ‘Ser pai de menina é…’, ‘As cores do esquisito’, ‘Tomai e bebei’ e os livros do Carlos Ruas!
PS: Vai ter biscoito. E Pirulito.