Um atlas em construção

O ‘Atlas ageográfico de lugares imaginados’ está andando até bem, mesmo com as traduções e o trabalho oficial pegando fogo.

Porém, esse final de semana que passou, uma dúvida me bateu: será que não era melhor ler um pouco, ter mais referências para construir esse universo?

Boa parte do que estou fazendo no ‘Atlas…’ vem de leituras antigas, reminiscências e memórias. Extratos de lendas e de bestiários que li em algum momento da minha vida fazem aparições esporádicas. Claro que Biblos, a cidade-biblioteca, tem uma referência bem clara, que é a Biblioteca de Babel borgiana.

Um dos livros que tenho usado como ponto de apoio desde que tive essa ideia meio estranha de uma construção ageográfica – ou mesmo antes, se pensarmos a escrita de ‘O longo caminho de volta’ como ponto de partida – foi o Dicionário de lugares imaginários de Alberto Manguel, que saiu em uma bela edição da Companhia das Letras. Meu uso desse livro foi pouco… acadêmico. Não o abri procurando uma referência definida, usando o índice. Pegava o livro sem me preocupar, vendo páginas aleatórias. No momento em que algum verbete me chamava a atenção, lia com cuidado, fazendo anotações e depois buscando – na internet ou em algum dos 6874646747 livros que tenho em casa – saber mais, referências cruzadas. Quem pesquisa na internet sabe que de uma pesquisa simples podem vir os resultados mais surpreendentes. Isso aconteceu com alguma frequência nesse caso, felizmente.

O que me fez pensar na necessidade de ler mais e ter mais referências foi ter visto um livro do Umberto Eco. Com o título de História das terras e lugares lendários, a obra segue o mesmo conceito de livro-arte informativo do História da beleza, por exemplo – e apesar de uma edição caprichada, uma leitura por alto me mostrou ser um livro menos aprofundado do que o do Manguel. Será que nessa altura do campeonato, com o livro já traçado, valeria a pena comprar um livro – caro – para acrescentar algo mais?

E se for esse o caso, não seria melhor escolher o Lugares de ningun lugar, de Daniel Tangir, que foi super recomendado pela Nikelen Witter? Em que momento a gente para de pesquisar para só escrever?

2 comentários em “Um atlas em construção”

  1. Olha, uma coisa que aprendi é que a pesquisa tende a nos absorver e afogar. Mas temos que romper com ela em algum momento e só passar a usá-la como referência imediata depois que começou. Ficção não é jornalismo. Acho que se você reiniciar a busca por fontes, isso só vai te atrapalhar.

  2. Alexandre Lancaster está certo, querida, esqueça o que já foi escrito antes, suba ao seu lindo tapete voador e voe ao Subconsciente Coletivo, onde Arquetypia, o fabuloso país dos arquetipos, contém, desde sempre, todos os mundos imaginados e por imaginar por todos os imaginantes. Espero que nos deleite depois com uma boa bitácora da sua aventura criativa.

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